O conceito da medicina integrativa da dor se baseia em uma abordagem global para melhor acolher o paciente em suas necessidades individuais. 

De tão importante que é este olhar e atuação sobre o paciente, ele foi o tema escolhido para a Campanha de 2023 da Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), cujo objetivo é desenvolver estudos e práticas junto ao meio profissional da saúde, com benefícios diretos ao público leigo (pacientes).  

Como uma abordagem holística da saúde, a medicina integrativa, então, contempla a junção de diferentes especialidades que atuam na saúde, atuando sobre causas e efeitos das condições de doença do indivíduo e que, invariavelmente, apresentam fatores de gatilhos e desdobramentos para além do quadro de foco de tratamento. 

Dessa forma, a medicina integrativa oferece um tratamento personalizado e multidisciplinar, combinando as práticas médicas convencionais com terapias complementares, como homeopatia, acupuntura, musicoterapia, psicoterapia, entre outros. 

Essa perspectiva pressupõe uma íntima parceria entre médico e paciente em busca da maior efetividade do tratamento, agregando diferentes estratégias terapêuticas e de bem-estar, sem nunca rejeitar os tratamentos convencionais e comprovados cientificamente.

Medicina integrativa no Brasil 

O conceito de Medicina integrativa parece algo novo, mas não é.

A partir do reconhecimento internacional da medicina integrativa há algumas décadas, ela impulsionou debate no Brasil, especialmente na década de 80, após a 8ª Conferência Nacional de Saúde, como “um espaço legítimo de visibilidade das demandas e necessidades da população por uma nova cultura de saúde que questionasse o ainda latente modelo hegemônico de ofertar cuidado, que excluía outras formas de produzir e legitimar saberes e práticas”*.

Mas foi apenas em 2006 que uma portaria oficializou no nosso País a implantação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares.

Em março de 2018 ocorreu a mais importante medida envolvendo as PICS, por meio da oficialização da oferta de suas terapias no rol de atendimento do Sistema Único de Saúde, o SUS.

Importante explicar que o termo “tratamento integrativo” passou a ser utilizado no lugar de “alternativo”, porque seu propósito não é desviar o paciente do tratamento médico, mas de complementá-lo.

No contexto da medicina tradicional, as Práticas Integrativas utilizam recursos terapêuticos ancorados em conhecimentos tradicionais, voltados para prevenir algumas doenças, bem como de somar no tratamento de outras, especialmente na sintomatologia.

O Brasil é um modelo de atendimento de terapia complementar no mundo, fornecendo atendimento em casos de atenção básica (em sua grande maioria, mais de 80% dos casos) e também de média e alta complexidade. Ou seja, desde dor de cabeça, pressão alta, depressão, até doenças crônicas e terminais.

O país tem atualmente 9.350 estabelecimentos de saúde, presentes em quase 54% dos municípios brasileiros, distribuídos pelos 27 estados (são mais de 3 mil municípios) — presente essencialmente nas UBS.

 

Integratividade aplicada no tratamento da dor crônica

A dor, especialmente em sua forma crônica, é uma condição bastante complexa, podendo ter origem em múltiplos fatores e mobilizar diversos aspectos do organismo para além do físico, como o emocional e até mesmo o espiritual. 

Outro aspecto importante da dor crônica é que, na grande maioria dos casos, ela não é passível de cura, tornando o impacto geral do paciente e, consequentemente, a necessidade de reabilitação integral para a promoção do seu bem-estar.

Exemplos que ilustram bem esse quadro são pessoas que apresentam doenças como fibromialgia, neuropatia diabética, artrite, distonia, entre outras, com desenvolvimento de crises constantes de dor que as impedem de dormir, se alimentar, trabalhar e socializar normalmente. 

Dessa maneira, a dor, que pode ter um ponto focal de origem, amplia diferentes sintomatologias para outras partes do corpo, afetando o humor, e assim segue em efeito cascata, cujos desdobramentos precisam ser cuidados por diferentes manejos e técnicas.

Sendo uma abordagem muito clara para mim sobre a sua importância e necessidade, trouxe mais informações sobre ela em meu mais recente episódio do podcast Neuro em Dia.  Para ouvir é só dar play aqui.  

*Fonte: Ministério da Saúde