Cerca de 60% das pessoas com câncer desenvolve quadro de dor, seja pelo avanço dos sintomas, seja pelo próprio tratamento – que pode deixar sequelas crônicas. E tão importante quanto tratar a doença, é preciso combater a dor física que ela gera, uma vez que o paciente adere melhor às terapias propostas quando está mais bem disposto. Entretanto, infelizmente a dor do câncer é subtratada no Brasil.

O país ainda não arraigou em sua cultura profissional a atenção básica à dor oncológica, colocando a questão em segundo plano quando, na verdade, ela pode e deve ocorrer em paralelo.

Além da falta de conhecimento de alguns especialistas, bem como da burocracia nas instâncias governamentais para a prescrição de certos medicamentos à base de opióides, ainda existe o receio do paciente em relação ao tratamento: alguns deles ainda acreditam que o médico irá desviar o foco dos tumores, ou mesmo que isso pode desencadear algum tipo de dependência química.

A dificuldade de acesso aos remédios limita até mesmo os oncologistas preparados e indivíduos interessados em recebê-los. Por serem de uso controlado (receituários de Controle Especial), a distribuição pelo SUS é deficitária. E um agravante é que estas medicações são extremamente caras para a compra. Assim, não é raro encontrar relatos de quem toma doses menores que as indicadas e apenas quando passaram do limite de suportar a dor.

Dos casos não tratados em estágio inicial, aproximadamente 10% recebe indicação cirúrgica para o alívio da dor, mas nem 1% é encaminhado para tal. A consequência disso é um efeito cascata que leva à piora do quadro já apresentado.

Por que o câncer dói?

  • Com o crescimento do tumor, há uma distensão de estruturas do organismo.
  • Tratamentos quimioterápicos e radioterápicos podem lesar plexos nervosos.
  • Tratamentos cirúrgicos podem atingir o sistema nervoso e musculoesqulético.

Os tipos de câncer que geram mais dor

  • Pâncreas e quase todos em estágio avançado, em especial as metástases.

Tratamento da dor do câncer

  • Diagnóstico precoce

Opiáceos, analgésicos, anti-inflamatórios não estereoidais, corticoides, sedativos e antidepressivos.

  • Estágio avançado

Cirurgias: injeção de agentes neurolíticos, lesão de feixes condutores da dor por radiofrequência, rizotomia, neurotomia e neuroestimulação profunda.