Campanha internacional chama a atenção para medidas de precaução contra o sintoma-doença

A tensão mundial com a ameaça do novo coronavírus, além do risco de uma nova epidemia de sarampo no Brasil, trazem à tona uma importante medida que pode salvar e trazer mais qualidade de vida a milhares de pessoas: a prevenção. E ela pode ser aplicada em diversas questões de saúde, inclusive para a dor, um problema bastante predominante na população.

O assunto é tão relevante que se tornou foco da IASP, Associação Internacional de Estudos para Dor, em sua campanha global de 2020. A organização, que reúne especialistas do mundo todo para realizar estudos no campo da dor, tem como norte neste ano a propagação de estratégias de prevenção do sintoma-doença para pesquisadores, corpo médico e pacientes.

Cerca de 60 milhões de brasileiros são acometidos pela dor crônica, distúrbio que causa comprometimento funcional severo. É difícil levantar da cama, fazer atividades comuns do dia a dia e se relacionar, porque o indivíduo está sempre em sofrimento. Não é incomum encontrar quem cogite até mesmo o suicídio por não obter alívio para os quadros dolorosos – o que ocorre, muitas vezes, pela falta de diagnóstico e tratamento seguros.

Pacientes costumam peregrinar por diversos consultórios até conseguir um diagnóstico correto da dor em seu tipo crônico, o que piora suas condições ao longo do tempo. Esta é uma característica que já poderia ser revista nos processos preventivos.

Quando falamos de dor crônica, temos um sistema complexo que opera com pontos de gatilho ativados de acordo com os diferentes tipos de doença e suas causas. Atuar sobre estes sistemas é importante para evitar crises, por exemplo.

Por isso, o conhecimento é peça-chave na mudança deste cenário, tanto por parte da população como pela medicina e demais carreiras da área da saúde. Quando o paciente consegue identificar e relatar o que está sentindo, profissionais capacitados podem entender com mais facilidade como manejar suas crises e evitar que elas ocorrem.

Como prevenir a dor?

A dor crônica está frequentemente relacionada a uma disfunção neurológica, que pode aparecer pela soma de muitos fatores que interagem e favorecem o seu desenvolvimento – especialmente proveniente de doenças prévias e também crônicas, a exemplo da esclerose múltipla, neuropatia diabética, distonias, entre outras.

Entretanto, atitudes simples podem sim prevenir a sua chegada e conter suas evoluções. O já conhecido tripé alimentação saudável + prática de atividades físicas + bons hábitos é a resposta mais eficaz que temos atualmente. Muita gente não imagina que dormir bem, beber uma quantidade adequada de água e evitar o sobrepeso tem grande influência no bem-estar de todo o corpo.

Ademais, a saúde mental tem papel de extrema relevância na somatória descrita acima. Vivemos em um mundo com estresse e tensões diárias, aspectos que trazem malefícios ao estado físico do indivíduo. Essas alterações podem comprovadamente aumentar a pressão arterial, alterar o nível de cortisol (hormônio que atua como anti-inflamatório natural) no sangue e, por fim, trazer quadros dolorosos ao cotidiano.

Terapias multidisciplinares são essenciais quando a dor bate à porta

O especialista ainda alerta: o tratamento para a dor crônica deve ser integral e multidisciplinar. Isso significa que o controle das manifestações apresentadas não se dará apenas com medicamentos, mas também com a reabilitação física e acompanhamento psicológico. Fisioterapeutas, psicólogos e psiquiatras são muito importantes nesta condução, junto a medicações especialmente prescritas. Em quadros mais resistentes, podem ainda ser recomendados alguns procedimentos cirúrgicos para devolver a autonomia ao paciente.

Entre os métodos mais eficazes estão o implante de bomba de opioides, analgésicos mais precisos e potentes que são disparados continuamente no organismo do indivíduo, além de técnicas ablativas, como a cordotomia e a rizotomia, que interrompem as conexões neurológicas condutoras da via de dor. Outros avanços são as terapias neuromoduladoras, que atuam diretamente sobre as atividades neurais para mudar o padrão de resposta à dor.

Em todos os casos, é essencial que o paciente tenha acesso a essas possibilidades e leve à sério as terapias propostas. Apesar de não ter cura, é sim possível viver bem e com menos dor.

Para saber mais a respeito do universo da dor crônica, suas causas, sintomas, consequências e principais linhas de tratamento, confira a seguir o Guia Tudo sobre Dor.