Estima-se que atualmente mais de 200 mil pessoas no Brasil sejam acometidas pela doença de Parkinson, que costuma avançar lentamente e com sintomas muito confundidos com os de outros distúrbios.

Esta semelhança frequentemente retarda o seu diagnóstico e, consequentemente, o tratamento adequado. Suas características mais comumente divulgadas são os tremores e a espasticidade (rigidez muscular), frequentemente encontradas em outras patologias que geram movimentos involuntários e distonias em geral. Também são observadas na doença de Huntington (DH), coreia e atetose, síndrome de Tourette e até na esclerose múltipla.

Mas além destas manifestações existem diversas outras menos divulgadas e que são importantes para a identificação da doença de Parkinson, que podem surgir antes mesmo dos problemas motores. Diminuição do olfato e da caligrafia, quadros de depressão, alteração do sono, constipação intestinal e bradicinesia – maior lentidão dos movimentos gerais como andar, levantar e sentar – estão entre os demais sinais que são verificados também no estágio inicial da patologia.

Em quadros mais avançados, é possível perceber diminuição da expressão facial, dificuldade de deglutição, diminuição do tom da voz e dificuldade para realizar movimentos finos, como abotoar botões e amarrar sapatos.

Tratamento

A doença não tem cura, mas tratamento para minimizar os sintomas e também retardar a sua evolução. Como base principal, são indicados medicamentos à base de levodopa, um fármaco que tem a função de suprir a ausência de dopamina no cérebro. Apesar de apresentar importantes resultados, em longo prazo podem haver consequências que afetam ainda mais os movimentos anormais.

Paralelo à medicação, é imprescindível aliar terapias complementares, especialmente as físicas, que visam manter por mais tempo a autonomia dos movimentos de andar, falar e comer. Também são essenciais o apoio de profissionais da saúde mental para trabalhar a depressão e a importância de manter a socialização.

Quando os medicamentos já não auxiliam mais no tratamento dos sintomas involuntários e espasmos, indica-se a realização da cirurgia de estimulação cerebral profunda (Deep Brain Stimulation).  O método consiste no implante de eletrodos, iguais aos de marca-passo utilizados para o coração, na região afetada.

A técnica é realizada com o paciente acordado para que ele possa dar o feedback dos movimentos no ato em que o alvo está sendo estimulado, garantindo assim a efetividade dos resultados. Uma vez implantado o eletrodo, ele passa a ser monitorado periodicamente para possíveis ajustes. O procedimento tem o auxílio de um software, que cruza as imagens de ressonância magnética do paciente com mapas científicos, apontando com precisão o local exato a ser estimulado. Conta-se ainda com a ajuda de um físico, que permanece o tempo todo na sala de cirurgia.

Entre suas vantagens está o fato de não ser uma técnica que lesiona a estrutura cerebral e pode ser reversível, caso seja necessário. Além, é claro, da qualidade de vida gerada ao paciente, que volta a se integrar de forma mais natural às suas atividades e relacionamentos sociais.

Os resultados desta intervenção serão melhores de acordo com o tempo e avanço dos sintomas, não devendo exceder o período de total esgotamento da terapia com medicamentos, em que os movimentos já estejam muito debilitados. Ou seja, o paciente candidato ao procedimento operatório não deve esperar uma limitação significativa de sua atividade física. Se a resposta com os medicamentos não trouxer um resultado clínico satisfatório, então a operação deve ser proposta.

Mais sobre Parkinson

A doença de Parkinson foi descrita pela primeira vez pelo médico inglês James Parkinson, em 1817, como uma enfermidade neurológica decorrente da degeneração dos neurônios situados em região específica do cérebro, chamada substância negra. Esta área é responsável pela produção da dopamina, um importante elemento da transmissão nervosa vinculada aos músculos e controle motor do indivíduo.

Apesar da causa desta diminuição de dopamina nas células nervosas estar relacionada ao envelhecimento, pessoas jovens também podem ser acometidas, tendo nestes casos, com evolução mais acelerada. Um exemplo é o ator do clássico “De Volta para o Futuro”, Michael J. Fox, que recebeu seu diagnóstico na faixa dos 30 anos.

O conjunto de sintomas, também conhecido como síndrome parkinsoniana ou parkinsonismo, é formado pelos movimentos involuntários (tremores), além de lentidão, rigidez muscular, desequilíbrio, instabilidade postural, caminhada em marcha, depressão e alterações na fala/deglutição e na escrita.

Os sinais aparecem inicialmente apenas de um lado do corpo e o paciente normalmente queixa-se do não acompanhamento de um lado com o outro. Já o tremor é presente durante o repouso, melhorando quando o membro afetado é movimentado.