Um alerta: é isto que representa a dor, sintoma que funciona como uma “campainha natural que apita” quando algo em nosso organismo não funciona como deveria. Mas quando ela se torna crônica, costuma ser extremamente incapacitante, afetando o aspecto físico, mental, e até social, dos indivíduos. E isto é ainda mais agravante quando ela acomete populações vulneráveis.

Por este motivo, a campanha global da International Association for the Study of Pain (IASP), que congrega especialistas do mundo todo para soluções no campo da dor, elegeu os “mais vulneráveis” como público de atenção de seus estudos e divulgações em 2019. Desta forma, ela chama a atenção sobre necessidades especiais com idosos, bebês e crianças pequenas, indivíduos com transtornos psiquiátricos ou deficiências cognitivas não relacionadas à demência, além de sobreviventes de tortura.

De acordo com o neurocirurgião funcional do Hospital 9 de Julho e especialista no tratamento da dor pela Associação Médica Brasileira (AMB), Dr. Claudio Corrêa, o tema é de grande relevância porque envolve especificidades destes grupos de pessoas, tanto sobre a sua vulnerabilidade para fatores que podem mais facilmente levar a quadros de dor (especialmente doenças), bem como sobre a forma de condução de seus tratamentos. “É importante destacar que toda dor crônica condiciona a aspectos multifatoriais de grande grau de comprometimento funcional e por isso já requer, por protocolo, um cuidado multidisciplinar e multiprofissional sobre o paciente. No entanto, nos grupos de maior vulnerabilidade esta condição exige ainda mais atenção para aspectos como imunidade, efeitos adversos, susceptibilidade a interações medicamentosas, entre outros”, relata o médico.

Outro ponto comum a observar nestes grupos é a maior dificuldade de se comunicarem de modo efetivo, tanto com aqueles que estão em seu convívio como com médicos e profissionais de saúde. Isto pode dificultar a sua avaliação, diagnóstico e a adesão ao tratamento. Não à toa, mais de 30% da população mundial abandona o tratamento em médio e longo prazo.

Estes aspectos também justificam a inserção do atendimento integral ao indivíduo, envolvendo medicamentos bem direcionados, fisioterapia e prática de atividades físicas de reabilitação, além do acompanhamento psicológico. “Não são raros os relatos de depressão decorrentes de dor crônica. Assim, é instituído o protocolo de terapias convencionais que vai agregando propostas complementares, incluindo procedimentos cirúrgicos, que podem ser realizados para o implante no corpo de bombas de analgésicos mais específicos e potentes, como os opioides, assim como procedimentos ablativos para a interrupção de conexões neurológicas condutoras da via de dor, entre outras”, relata o especialista.

Em todos os casos, é importante que o paciente persista em seu tratamento, lembrando que como toda doença crônica, e, portanto, sem cura, é preciso ajustes ao longo do processo, visando a busca e manutenção da funcionalidade e da qualidade de vida.

Para esclarecer sobre tudo o que compreende o universo da dor crônica, suas causas, sintomas, consequências e principais linhas de tratamento, o neurocirurgião desenvolveu o Guia Tudo sobre Dor.