Em paralelo aos avanços que a medicina apresenta ao longo dos anos para o tratamento das mais complexas doenças existentes no planeta, ela também busca auxiliar muitos dos sintomas presentes nestas doenças, fazendo com que, se não curados, os problemas possam ao menos apresentar cada vez menos interferências na qualidade de vida dos indivíduos. Neste contexto encontra-se a dor crônica, um dos mais debilitantes sintomas que acometem a população, em todas as idades.

Quando as terapias convencionais, baseadas em medicamentos e outras áreas adjuvantes, não apresentam mais eficácia para o alívio da dor, ainda é possível recorrer a tratamentos intervencionistas. Dentre as opções existentes, uma ainda pouco divulgada ao público leigo é a estimulação medular espinhal (EME). Indicada em pacientes com dor neuropática crônica nas costas e nos membros, provocada por doenças como diabetes mellitus, herpes-zoster, câncer e até traumas, a técnica se dá pelo implante de um eletrodo sob a pele, ligado a um gerador posicionado na medula que, por sua vez, emite correntes elétricas responsáveis por impedir a transmissão dos sinais dolorosos.

A técnica oferece grandes vantagens em relação aos procedimentos cirúrgicos mais invasivos, por ser reversível e por não apresentar efeitos colaterais, como os comumente gerados por medicamentos.

A técnica

Após anestésico local, o especialista coloca, através de uma agulha, fios flexíveis e finos com condutores elétricos – os eletrodos – nas costas, dentro da coluna vertebral. A posição é determinada de acordo com a localização da dor de cada paciente.

Os eletrodos são conectados a uma pequena bateria que possibilita programar a corrente elétrica numa configuração que se direcione às regiões dolorosas exatas para promover o melhor alívio possível.

Avanços

Comumente, apenas um eletrodo é inserido na medula espinhal, mas um artigo recente publicado na revista americana Neurosurgery abordou o caso de um paciente que sofria de dor oncológica e torácica – por trauma –, que foi submetido ao implante de dois eletrodos controlados por apenas um gerador.

Doze meses após o implante dos eletrodos multicanal (já que foram implantados dois eletrodos para um gerador), o paciente obteve redução de 50% de sua dor, não precisando mais utilizar opioides e não apresentando complicações.

Trata-se de mais um exemplo promissor, frente aos mais de 120 casos em que já tratei com apenas um eletrodo, e que abre novas frentes de tratamento para dores paralelas geradas por diferentes origens. Embora nem sempre seja possível extinguir por completo a dor, o índice de redução satisfatória/positiva é bem elevado. Apenas quem sofre com a dor crônica e tem totalmente comprometidas as suas atividades cotidianas, sabe o quanto este resultado representa.