Dia Nacional de Conscientização da Esclerose Múltipla, celebrado em 30 de agosto, busca desmistificar problema que afeta mais de 2,8 milhões de pessoas 

Imagine conviver com uma doença que quase metade da população não sabe o que é ou quais são seus indícios. Esse é o caso da esclerose múltipla, um distúrbio crônico autoimune que, segundo pesquisa de 2017 do Instituto Datafolha, 46% dos brasileiros desconhece. E neste Dia Nacional de Conscientização da Esclerose Múltipla, celebrado em 30 de agosto, é urgente desmistificar o problema que afeta mais de 2,8 milhões de pessoas no mundo.

A esclerose múltipla é uma doença responsável por provocar um processo inflamatório que agride o sistema imunológico, o que a configura como autoimune, comprometendo o sistema nervoso central. Ela lesiona a bainha de mielina, uma espécie de capa que reveste os filamentos nervosos, causando uma série de disfunções que podem ser incapacitantes e evoluir progressivamente com o passar dos anos.

Identificando a esclerose

A desinformação mostrada pelo estudo do Datafolha, é uma barreira que dificulta a procura por um diagnóstico precoce. Como este distúrbio ainda não tem causa definida, não há uma cura possível. E já que possui desenvolvimento gradual, é muito importante que seja diagnosticada o quanto antes, para que consigamos iniciarmos um tratamento que contenha o avanço de suas manifestações.

A EM costuma se apresentar de maneira sutil, geralmente transitória. É comum que os sintomas durem uma semana e parem, por exemplo. Suas caraterísticas mais observadas nos dois primeiros anos são turvação visual e descontrole da urina; após, podem ocorrer alterações motoras e cerebelares que se traduzem em:

– Visão dupla, conhecida também como diplopia

– Perda da visão

– Cansaço

– Fraqueza

– Formigamento das pernas, às vezes em apenas um lado do corpo

– Desequilíbrio

– Tremores

– Descontrole do esfíncter anal e vesical

As pessoas mais acometidas são as mulheres entre 20 e 40 anos. No Brasil, estima-se que 40 mil pessoas convivam com a esclerose múltipla.

Neurocirurgia pode ajudar a conter características motoras da EM

Os métodos de tratamento disponíveis buscam reduzir a fase aguda da EM, momento em que aparecem suas manifestações, onde os corticosteroides são medicamentos indicados para diminuir a intensidade das crises.

Para espaçar o intervalo entre um surto e outro, são recomendados imunossupressores e imunomoduladores, que também contribuem para minimizar o impacto negativo que os sintomas provocam na rotina dos pacientes.

Além disso, é aconselhável que o indivíduo mantenha a prática regular de atividades físicas, aliada à fisioterapia motora e associação de medicação para o controle esfincteriano, se comprometido.

Em cenários que há espasticidade, uma alteração do controle muscular que é caracterizada por rigidez e tensão dos músculos, é recomendada a fisioterapia de reabilitação física somada à medicação, bem como procedimentos neurocirúrgicos em cenários mais limitantes.

Uma técnica muito empregada é a rizotomia dorsal seletiva, onde o neurocirurgião isola as inervações que enviam mensagens de contração para o músculo afetado. Após, são cortadas as fibras mais prejudicadas para aliviar a espasticidade, mas preservar outras funções motoras e sensitivas.

Outro método possível é a injeção de relaxante muscular por meio de bombas eletrônicas de infusão. Em quadros de distonia segmentar, que afeta apenas uma região do corpo, a aplicação de toxina botulínica tem mostrado resultados muito eficazes.

A neuralgia do trigêmeo, uma doença crônica associada ao nervo trigeminal, é outro fenômeno que atinge 10% dos indivíduos com esclerose múltipla. Para ela, é apresentado um procedimento operatório de importante resultado.

A compressão com balão do gânglio de Gasser é a técnica mais aconselhada neste caso, sendo minimamente invasiva e de realização bem rápida, cerca de dez minutos, com o paciente podendo conferir os resultados imediatamente após a cirurgia.

Em todos os casos, é importante ressaltar que embora a EM não tenha cura, o tratamento multiprofissional é essencial para conter e minimizar os sintomas evolutivos da doença.