A dor é algo presente em quase todas as disfunções orgânicas, atingindo a todos nós em diferentes momentos da vida. No entanto, cerca de 30% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e quase 40% da população brasileira, segundo a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), convivem com a dor de forma crônica, com grande impacto em sua funcionalidade e qualidade de vida.

Embora a dor seja democrática, podendo atingir a qualquer um, sua prevalência na forma crônica tem características marcantes de gênero, idade e condições socioeconômicas que poderiam ser personificadas em uma mulher, acima dos 45 anos, classe D.

Esta personificação da dor crônica se apoia em diversos fatores, como o fato de as mulheres serem estatisticamente mais acometidas pela grande maioria de doenças sistêmicas que geram dor crônica, por estas doenças terem seu ponto principal de partida a partir dos 45 anos e pelo fato de a grande maioria desta população chegar à estas condições devido à baixa qualidade de vida e a falta de recursos para os devidos tratamentos, seja da doença de base, seja da dor que a comete.

Fatores hormonais favorecem a dor na mulher

A maior vulnerabilidade do público feminino às doenças sistêmicas está atrelada à composição estrutural e hormonal da mulher, que sofre intensas transformações ao longo da vida e, especialmente, a partir da menopausa.

São situações que favorecem o surgimento de mialgias, osteoporose, artrites e artroses, sem contar as doenças ginecológicas, como endometriose e outras.

As condições socioeconômicas se dão como em quase todas as doenças em que a baixa escolaridade e falta de acesso à informação e aos serviços de saúde de forma mais efetiva faz com que esta população não busque o diagnóstico em tempo hábil e o tratamento adequado ao longo da vida.

Além disso, são indivíduos que comumente levam uma rotina de hábitos entre casa e trabalho mais atribuladas, desgastante fisicamente, com alimentação e atividade física inadequada, gerando quadros paralelos de obesidade ou desnutrição.

Impactos da dor crônica na população

Ao considerarmos o aumento da população na terceira idade e o impacto das doenças neurodegenerativas sobre esta população que envelhece sem estrutura, temos um impacto importante na autonomia e funcionalidade do indivíduo, com perda de trabalho, queda de renda e desdobramentos para o ciclo familiar e o sistema de saúde.

São pessoas que não conseguem cumprir os protocolos básicos de tratamento de doenças agudas, o que dirá das necessidades de acompanhamento contínuo e multiprofissional, com uso de medicações especiais, médicos de diferentes especialidades, fisioterapia, psicologia e procedimentos operatórios, que no Sistema Único de Saúde (SUS) apresentam filas de meses ou anos para os agendamentos.

Para se aprofundar no tema da dor crônica, disponibilizo o episódio do meu podcast Neuro em Dia, onde falo sobre as melhores formas de identificar, tratar e prevenir o aparecimento da dor.

Acesso: Tudo sobre dor