Em 17 de Outubro é celebrado o Dia Mundial de Combate à Dor, data instituída há 16 anos pela International Association for the Study of Pain (IASP), com o objetivo de alertar os pacientes sobre as consequências de conviver com este problema. De acordo com a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), mais de 60 milhões de brasileiros são acometidos pela dor crônica no país.

A dor é fenômeno sensorial que tem uma função de alerta importante sobre quando algo não vai bem em nosso organismo. No entanto, em sua forma crônica, ela passa a ser tão limitante quanto a própria doença que a originou, devendo ser tratada com igual importância.

Além das dificuldades em manter uma rotina normal, a dor crônica também impacta nas relações sociais e de trabalho, evoluindo com frequência para isolamento e depressão.

 Causas das dores crônicas

A dor crônica pode estar relacionada a uma disfunção ou lesão do sistema nervoso central, podendo aparecer por diversos fatores, como traumas, câncer, diabetes, herpes-zoster, esclerose múltipla, derrame, distonia, doença de Parkinson, processos degenerativos em geral, e até por sequelas de tratamentos de algumas dessas doenças.

Quando é gerada por uma causa irreversível, como uma lesão de estrutura neurológica, a dor não é passível de cura, mas poderá e deverá ser tratada para atenuar sua intensidade e frequência de crises.

Perfil da pessoa com dor crônica

Embora a dor seja democrática no atingimento de pessoas de todos os perfis, em sua forma crônica existe uma prevalência que a personifica em uma figura feminina, média de 45 anos, com condições socioeconômicas de vulnerabilidade.

Os motivos que contextualizam a predominância das dores no sexo feminino são vários, sendo mais comuns os mecanismos biológicos, como hormônios, bem como as influências emocionais, a exemplo da ansiedade e depressão.

Essas situações podem levar ao surgimento de algumas condições como mialgias, artrites e artroses, osteoporose, além de doenças ginecológicas como endometriose e outras. E nesse contexto, mulheres de renda mais baixa tem menos acesso ao diagnóstico e tratamento das doenças que geram a dor crônica.

Como tratar a dor crônica

O tratamento da dor crônica passa inicialmente pelo conhecimento médico a respeito deste sintoma, para além das doenças que a geram, sendo necessário um mínimo estudo neste campo.

A dor não tem uma cadeira dedicada ao tema nas faculdades de medicina, o que faz que ela seja subjugada no tratamento dos pacientes, especialmente os que convivem com dor crônica. No entanto, já existem especializações extracurriculares para somar na formação médica e paramédica, tornando possível o desenvolvimento de centros dedicados ao tratamento da dor.

Devido aos diversos fatores de acometimento e desdobramentos da dor crônica, é imprescindível que o seu tratamento compreenda profissionais de diferentes formações, no campo físico e mental, para a cobertura do maior espectro possível do paciente.

Dessa maneira, para além da prescrição de medicamentos especialmente direcionados para as diferentes características e fontes de dor, tem-se a inserção de terapias físicas de prevenção e reabilitação, de apoio emocional, e de procedimentos operatórios.

No novo episódio do podcast Neuro em Dia, forneço um panorama da dor e suas consequências no indivíduo, e ainda falo sobre como anda o desenvolvimento dos profissionais e serviços de saúde para melhor atender a este perfil de população.