Desde 1817, quando o cientista James Parkinson descreveu os primeiros sintomas que culminaram nas definições do que conhecemos na atualidade como a doença de Parkinson, muito tem sido pesquisado a respeito do tema. Algumas evoluções na medicina permitiram o desenvolvimento de tratamentos cada vez mais precisos para dar qualidade de vida às pessoas diagnosticadas com a doença, mas nenhum, no entanto, ainda foi capaz de promover a sua cura. E os caminhos mais promissores no momento parecem estar nos métodos preventivos, fora do campo cerebral.

As mais recentes pesquisas que podem nos ajudar a prevenir a doença de Parkinson estão conectadas com o intestino e o desequilíbrio da flora bacteriana intestinal, denominada disbiose, conforme estudos recentes envolvendo pesquisadores brasileiros, publicados em veículos científicos internacionais.

Não é de hoje que estudos tem relacionado a estrutura e a função intestinal com doenças neurológicas. Neste caso há uma indicação de que o diagnóstico da doença de Parkinson ocorre posteriormente ao distúrbio no sistema nervoso que controla a motilidade gastrointestinal, antes de avançar para o cérebro.

A disbiose foi elencada com um fator no desenvolvimento da doença extrapiramidal, reportando maior prevalência de uma espécie bacteriana em particular, em amostras fecais de Parkinsonianos, se comparado aos demais pacientes sem doença de Parkinson.

Tais descobertas evidenciam ainda mais o ditado popular que diz que somos o produto do que comemos e apontam caminhos para revisões de protocolos alimentares, objetivando o reequilíbrio da microbiota intestinal e até transplante não invasivo de microbiota intestinal por meio de cápsulas, como importantes recursos preventivos da doença.

Entendendo a doença de Parkinson

Segunda condição neurodegenerativa mais prevalente no mundo, afetando mais de 6 milhões de pessoas, a sua grande maioria delas na terceira idade, a doença de Parkinson ocorre pela perda da produção do neurotransmissor dopamina, localizado em região da substância negra.

Sem a definição sobre o que gera a queda da produção da dopamina, a doença não apresenta cura e seus sintomas evoluem progressivamente afetando diversas funções dos indivíduos, como a fala, a deglutição, o olfato, o equilíbrio, a escrita, e os movimentos. É por meio do comprometimento dessas diferentes funções, inclusive, que o diagnóstico da doença de Parkinson é concluído.

Tratamento da doença de Parkinson

Pelo conjunto de sintomas da doença de Parkinson, o seu tratamento deve compreender um corpo multiprofissional, a começar pelo médico de tratamento de base da doença que é o neurologista.

A partir da medicação de reposição da dopamina, especialistas como fisioterapeutas, fisiatras, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicólogos entram para manter as funções comprometidas o mais ativas possível, retardando as suas perdas funcionais.

Em pacientes com evolução rápida da doença, pode ser indicada a neurocirurgia pela realização do procedimento de estimulação cerebral profunda, cuja finalidade é modular os estímulos cerebrais a partir da sua base e, com isso, manter sob controle um dos sintomas mais desconfortáveis, segundo os pacientes, que é o dos movimentos involuntários.

É um procedimento minimamente invasivo e totalmente reversível, realizado com o paciente acordado, para que possamos juntos acompanhar o acerto do alvo responsável pelo controle do movimento.

O que sabemos é que sob acompanhamento profissional constante, a pessoa com Parkinson pode viver por muitos anos mantendo funções e autonomia, que são fatores preponderantes para a sua qualidade de vida.

Para somar com o esclarecimento do público leigo a respeito dos principais assuntos que permeiam o tema, gravei um episódio especial sobre mitos e verdades da doença de Parkinson em meu podcast de neurologia, o Neuro Em Dia