Os opioides são compostos químicos psicoativos derivados do ópio, cuja atividade farmacológica é a analgesia. Por este motivo, são recomendados no tratamento da dor, especialmente as agudas e oncológicas de forte intensidade.

No entanto, há tempos essa classe de medicamentos tem sido envolvida em polêmicas devido ao crescimento do seu uso indevido pela população que não necessita dela.

Os efeitos adversos desses fármacos, para além do alívio da dor, imprimem atenção especial para que os pacientes obtenham os melhores resultados com menos interferências colaterais possíveis, tanto físicas como psicológicas, como náuseas, sonolência e sinais de tolerância/adição.

Como defensor dos opioides como importante alicerce para os casos bem indicados de dores de difícil controle, destaco as burocracias e falta de conhecimento do meio profissional que por muitos anos vem dificultando o acesso dos opioides em pacientes com real necessidade da droga.

Temos um cenário paradoxo onde quem realmente tem indicação da medicação não consegue fazer uso dela, e aqueles que não apresentam critérios médicos a conseguem de forma indiscriminada.

Sobre o crescente uso indiscriminado de opioides no Brasil

Segundo dados da Fiocruz, de 2019, 4.4 milhões de brasileiros já fizeram uso de opioides sem a devida prescrição médica. Este número é três vezes superior ao uso de crack, utilizado por 0,9% da população em algum momento da vida.

Grande parte do uso indiscriminado, ilegal, tem como ponto de partida os serviços de pronto atendimento hospitalar, com profissionais prescrevendo opioides desnecessariamente para diversos quadros de dor aguda e crônica que não tem a indicação deste tipo de medicação.

Importante salientar que dores crônicas fora do segmento oncológico devem ser controladas por outros remédios e terapias em geral, sendo apenas a metadona – com uma composição especifica de opioide, indicada nestes casos.

Ainda destaco que pelo opioide ser uma medicação de fácil adição, bastam poucas sequencias de doses para que uma pessoa predisposta ao vício se torne dependente. Soma-se a isso um mercado paralelo e ilegal de comercialização dos opioides para fins recreativos, não médicos, ampliando os riscos de quem os consome, inclusive de morte.

No novo episódio do podcast Neuro em Dia, abordo todos os detalhes sobre a composição, indicação e contraindicação dos opioides.