A dor que se origina nos órgãos internos do corpo muitas vezes é confundida apenas como um sintoma de uma doença subjacente

 A dor já deixou de ser vista apenas como sintoma, ganhando relevância na aferição de sinais vitais em pronto-socorro e nos insumos de diagnóstico de doenças incapacitantes. E, visando somar cada vez mais esforços para o desenvolvimento de novas frentes de tratamento para o problema que acomete milhares de pessoas, a IASP (Associação Internacional para o Estudo da Dor), dos EUA, que anualmente elege um tema de divulgação em nível mundial, em 2013 colocou em evidência a dor visceral, aquela que se origina nos órgãos internos do corpo.

A dor visceral afeta vísceras torácicas do abdome e pelve e é, na maioria das vezes, decorrente de doenças da própria víscera ou outras enfermidades que acabam envolvendo estruturas viscerais, como tumores ou tratamentos invasivos que lesam estruturas internas. Nessas enfermidades, os órgãos mais afetados são o coração, pâncreas, fígado, estômago, intestinos, baço, útero, ovários, anexos da pelve e bexiga.

A dor visceral é um dos tipos de dor mais frequente, sentido pela maioria das pessoas em um momento ou outro, e frequentemente considerado, erroneamente, apenas como um sintoma de alguma doença subjacente. Então, é preciso orientar a população de que, em muitos casos, o quadro doloroso pode ser uma doença por si só, e que requer tratamento especializado e contínuo. É comum vermos casos graves sendo mascarados com automedicação, por exemplo.

O diagnóstico da dor visceral nem sempre é fácil, pois seus sintomas podem irradiar para diversos órgãos e se confundir com diferentes doenças, como por exemplo, uma dor na região lombar que pode estar relacionada a um câncer no pâncreas (víscera do andar superior do abdome), ou mesmo uma radioterapia de um tumor já tratado e que deixou na estrutura alguma lesão permanente.

O tratamento

O tratamento da dor visceral vai depender da doença e sua evolução, baseado inicialmente no uso de analgésicos e opioides. Em casos crônicos, especialmente de doenças de base sem cura, a medicina oferece procedimentos neuroaumentativos, que visam estimular e conservar a parte afetada (sistemas implantáveis de liberação de drogas analgésicas e neuroestimuladores) e procedimentos ablativos, que destroem e desligam o nervo condutor da dor (neurólises e cordotomias).

Todas as técnicas de tratamento visam a melhora do quadro doloroso do paciente e sempre oferecem evolução positiva, parcial ou total, dos sintomas da doença.

O importante é não se automedicar para não “camuflar” a doença e dificultar ou atrasar ainda mais o seu diagnóstico e tratamento. Ao sinal de dor diferente, persistente, sem motivo aparente, procure um médico. Seja qual for o caso, sempre haverá uma conduta para sua melhor qualidade de vida.