Ao falar em movimentos involuntários é comum haver uma associação ao mal de Parkinson, enfermidade que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), já afeta mais de 200 mil pessoas só no Brasil. Mas existem diversas outras doenças que geram desordem dos movimentos e que podem acometer de jovens adultos a pessoas na terceira idade, levando à incapacitação profissional e problemas de interações sociais.

Os movimentos involuntários mais comuns se dão em forma de tremores e são frequentemente acompanhados por desequilíbrio, lentidão motora e quedas.

Assim, além da doença de Parkinson, é importante investigar outras alterações ou fatores comuns para o desenvolvimento de mobilidade involuntária, a exemplo da  distonia, o tremor essencial (a forma mais prevalente de movimentos involuntários) e a coreia.

A distonia consiste numa contração exacerbada dos músculos em qualquer área do corpo, originada por uma falha no comando dos movimentos que estão ligados à área do cérebro chamada “núcleos da base”. Ela pode acontecer de maneira localizada, com foco em uma região, ou generalizada. É gerada por condições genéticas ou congênitas, idiopáticas (sem causa conhecida), efeitos adversos de medicamentos, por doenças como AVC, encefalite, traumatismo craniano e até mesmo intoxicação por metais pesados, entre outros. As distonias adquiridas são as mais comuns, acometendo 1 em cada 1.000 pessoas.

Dentre os sintomas iniciais da distonia estão cãibras, tremores, dificuldade ao segurar objetos, dor, hipertonia (aumento do tônus muscular que causa enrijecimento), e desvio de postura – especialmente o pescoço. Mais de um sintoma associado, persistente e sem causa aparente, deve ser avaliado por um médico neurologista.

O tremor essencial é um movimento involuntário bastante frequente, de condição geralmente benigna, que se desenvolve lentamente. Caracteriza-se por oscilação rítmica das mãos que predomina durante a ação, ou seja, quando da manipulação de objetos.

Embora ainda não tenha causa definida, acredita-se que o tremor essencial tenha origem genética, sendo comum em mais de uma pessoa na mesma família.

A coreia ou doença de Huntington é hereditária, causada pela degeneração progressiva de células nervosas do cérebro. Tem como característica espasmos repentinos, intensos, de curta duração, irregulares e imprevisíveis, que tomam de um lado a outro do corpo.  O nome vem da palavra grega “choreia”, que significa dança, numa alusão à movimentação variada. Diferentemente da distonia, costuma apresentar seus sintomas em jovens adultos de 30 a 40 anos, até mesmo aos 20 anos em alguns casos, faixa etária em que é chamada de doença de Huntington juvenil.

Entre os sintomas gerais da coreia estão: espasmos e outros movimentos involuntários, como rigidez e contração muscular, ações oculares lentas ou anormais, dificuldade ao andar, má postura, falta de equilíbrio e limitações para engolir e falar.

Tratamentos

O tratamento das doenças que geram distúrbios motores sempre deve ser multidisciplinar, tendo como âncora o médico neurologista para o acompanhamento da enfermidade de base. De medicamentos orais a injetáveis, a terapias de reabilitação física e emocional, é preciso investir em um amplo arsenal de especialidades para o tratamento de todas as disfunções geradas pela doença.

Quando os tratamentos convencionais se esgotam e passam a não surtir o efeito desejado, ainda podem ser indicados procedimentos cirúrgicos para amenizar os sintomas mais importantes relacionados aos tremores e espasmos como a Estimulação Profunda do Cérebro.

Neste procedimento, minimamente invasivo, são introduzidos eletrodos em regiões estratégicas do cérebro, que recebem estímulos elétricos por um gerador igual ao do marca-passo utilizado para o coração.

O procedimento pode ser realizado com o paciente acordado para garantir que o alvo estimulado é o correto para a cessão do sintoma, e tem como um dos grandes benefícios o fato de não lesionar as estruturas do cérebro. Dessa forma, torna-se totalmente reversível e constitui-se no método mais eficaz.

Os resultados são melhores à medida que o estágio da doença não esteja tão avançado, ainda que sempre propicie melhora da qualidade de vida.

O procedimento está dentro do rol da ANS para cobertura nos planos de saúde.