Dia do Cérebro, celebrado nesta quarta-feira, traz alerta a doenças que podem afetar o

cotidiano de muitos pacientes

O cérebro compreende uma estrutura complexa, com milhões de conexões responsáveis pela comunicação com todo o corpo, e seu pleno funcionamento é essencial para que tudo flua bem em funções simples como ver, ouvir, falar, comer, se movimentar e até respirar. Sua relevância é tamanha que possui um data mundial no calendário de saúde, o dia 22 de julho, marcado para debater doenças e soluções que o envolvem.

Este ano, em especial, o tema ganha ainda mais importância frente aos impactos que a atual pandemia da covid-19 tem exercido sobre o cérebro – seja pelas consequências do vírus sobre ele e sobre outras doenças que possam afetá-lo, assim como as dificuldades dos pacientes de continuar tratamentos frente a restrição dos atendimentos presenciais durante a quarentena.

As consequências do vírus no cérebro

Diversos estudos têm buscado a sua relação com aumento de episódios de AVC (derrame), convulsões e diversas lesões encontradas em pacientes diagnosticados com a covid-19, mesmo naqueles que não apresentavam comorbidades como pressão alta ou epilepsia. Segundo os resultados preliminares dos casos estudados, o motivo pode estar associado à hipóxia, uma falta de oxigenação cerebral causada pela doença.

Em paralelo a essas ocorrências, é preciso considerar os indivíduos que já apresentam distúrbios neurológicos, como doença de Parkinson, Alzheimer, esclerose múltipla e distonias, que podem estar mais vulneráveis às consequências da covid-19.

É preciso entender que as doenças neurológicas atuam no sistema nervoso central, autônomo ou neurovegetativo e periférico, com implicações às diferentes funções do indivíduo. Elas precisam ser constantemente monitoradas e tratadas, a fim de que o paciente possa reconquistar a autonomia e executar tarefas essenciais para a sua qualidade de vida, tanto física como mental.

Como ocorrem as doenças neurológicas

As doenças neurológicas podem ser desencadeadas por uma doença prévia iniciada no próprio sistema nervoso, bem como em outros locais que também o prejudicam. Elas são divididas de acordo com a identificação anatômica de sua causa e agrupadas da seguinte forma:

– Causadas por lesões ou disfunções primárias, incluindo processos degenerativos, do sistema nervoso: Alzheimer, doença de Parkinson, fibromialgia, neuralgia do trigêmeo, esclerose múltipla e esclerose lateral amiotrófica;

– Causadas por lesões ou disfunções secundárias do sistema nervoso: diabetes, sequelas resultantes de procedimentos operatórios, radioterapia e quimioterapia;

– Sem causas anatômicas, mas com características bem definidas: enxaqueca crônica, cefaleia em salvas, entre outras.

Dois exemplares mais conhecidos, dentre as doenças degenerativos da terceira idade, são a doença de Parkinson e o Alzheimer. No primeiro caso, há uma queda na produção da dopamina, um neurotransmissor que atua na transmissão de mensagens entre as células nervosas – e sua diminuição acarreta em várias sequelas que vão de fala, deglutição, caminhar, à coordenação e controle motor, especialmente dos membros superiores. No segundo, são as placas de beta amiloide extracelular, uma proteína, que geram a morte de alguns neurônios. O resultado, por fim, é desde a perda da memória recente até a demência total.

Tipos de tratamento

Cada doença demanda uma análise profunda e diferentes protocolos de atuação.

Na doença de Parkinson, a levodopa continua sendo a medicação mais significativa e utilizada, mas pode vir acompanhada de outros fármacos para suprir a redução da dopamina.

Quando o tratamento conservador é insuficiente, passam a ser indicados os procedimentos cirúrgicos – que cada vez mais caminham para as técnicas minimamente invasivas – de implante de drogas e de neuromodulação cerebral, em que se destaca a estimulação cerebral profunda.

As cirurgias conseguem, na maioria das vezes, apresentar altas taxas de satisfação e baixas complicações, oferecendo uma expressiva melhora na qualidade de vida dessas pessoas. Entretanto, o ideal é que estejam aliadas a um tratamento multidisciplinar. Isso envolve o suporte de profissionais de diferentes áreas, como psicólogos, psiquiatras e fisioterapeutas, a fim de reabilitar todas as áreas prejudicadas pela doença.

Considerando ainda este momento de quarentena, com grande parte consultórios médicos operando com agenda restrita e com muitos pacientes tendo certo receio de sair de casa, é fundamental destacar que os tratamentos aos pacientes neurológicos não podem e não precisam ser interrompidos. Para isso, é necessário procurar alternativas, seja por teleatendimento ou mesmo o presencial com medidas de segurança, além de seguir com as medicações e outras terapias propostas para cada quadro.